O continente gelado da Antártida há muito tempo é envolto em mistério e inspirou a imaginação de escritores renomados, como H.P. Lovecraft e Júlio Verne, que o retrataram em suas obras de ficção científica.
Contudo, nos últimos anos, uma transformação peculiar tem chamado a atenção:
O surgimento cada vez mais frequente de imagens que mostram flores e arbustos brotando em meio ao gelo antártico.
Num primeiro olhar:
Esse fenômeno poderia ser interpretado como um toque de diversidade numa paisagem fria e monótona, mas especialistas alertam que essas aparições botânicas podem ser indicadores de algo potencialmente perigoso: um prenúncio de uma catástrofe climática iminente.
A QUESTÃO DO VERDE NA ANTÁRTIDA.
Até recentemente, a Antártida era conhecida por abrigar uma flora extremamente limitada, quase imperceptível em fotografias panorâmicas.
No entanto, estudos recentes:
Têm revelado um aumento alarmante no crescimento de plantas, um fenômeno sem precedentes que está sendo observado com crescente preocupação.
Pesquisadores liderados:
Por Nicoletta Cannone, da Universidade de Insubria, na Itália, documentaram um crescimento exponencial da vegetação na Ilha Signy, parte das Ilhas Órcades do Sul.
Entre 2009 e 2019, o capim antártico experimentou um crescimento equivalente ao observado nos últimos 50 anos, enquanto o capim-pérola antártico expandiu sua presença significativamente em apenas cinco anos.
Esse aumento exponencial da vegetação está intimamente ligado ao aquecimento global e ao consequente recuo do gelo na região.
Dados fornecidos pela Discovering Antarctica indicam um aumento médio de 3°C nas temperaturas da região, acelerando o processo de derretimento das plataformas de gelo.
Cannone adverte sobre as possíveis ramificações desse fenômeno, destacando que o que está sendo observado na Ilha Signy pode se repetir em outras partes do continente, resultando em uma transformação irreversível da biodiversidade e da paisagem antártica.
A SITUAÇÃO ATUAL E OS RISCOS FUTUROS
A Antártida, com sua vasta extensão de aproximadamente 14 milhões de quilômetros quadrados, é predominantemente coberta por gelo, com menos de 1% de sua área sendo livre de gelo.
Contudo, as mudanças observadas indicam uma possível inversão desse cenário.
Com o ritmo atual das mudanças climáticas.
E do aquecimento global, é preciso considerar os cenários mais sombrios.
Estudos sugerem que, se todo o gelo da Antártida derreter, o nível do mar poderá subir até 60 metros, ameaçando diversas cidades costeiras ao redor do mundo.